São Luís, Barreirinhas e Caburé

O programa era ir rumo ao sul do Rio de Janeiro até Buenos Aires, sempre ao longo da costa. No entanto, devido às temperaturas estarem a descer no hemisfério sul, optámos por fazer o trajecto ao contrário e voar até São Luís, no estado do Maranhão. Considerada a capital do reggae no Brasil, o centro de São Luís está repleto de edifícios listados como Património Mundial da Unesco. A visita foi curta, mas possibilitou-nos passear pelas ruas de pedra da calçada, visitar o mercado e fotografar as suas igrejas e prédios coloniais.

O principal objectivo de visitar este estado do Brasil era para visitar o Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses. Foram 7 horas de autocarro (muito bom, por sinal!) de São Luís até à cidade de Barreirinhas, que fica às portas dos Lençóis Maranhenses. A cidade em si não tem nada de interessante, apesar de ser agradável passear e beber uma cervejinha nos quiosques à beira rio. Quanto aos arredores a conversa é outra.

Para visitar as intermináveis dunas de areia branca e os lagos de água azul turquesa que formam-se com as águas da chuva tem-se duas alternativas: ou se faz de avioneta (o que sai caro), ou de jeep (o que é menos caro). O passeio de jeep de Barreirinhas até ao inicio dos Lenços Maranhenses é feito por trilhos de areia solta, passando por vegetação tropical e por dispersas aldeias aparentemente isoladas. Os Lençóis vão muito para além do que a vista pode alçancar (são mais de 1500 km2 de dunas) pelo que, tradicionalmente, só se visita uma ínfima parte deles. Mas o que se visita é lindo. Daqui saímos com as nossas fotos postais e com um dia muito bem passado.

De volta em Barreirinhas ouvimos falar de umas praias muito bonitas que ficam a cerca de uma hora de barco (ou a duas de jeep) e, já que aqui estávamos, fomos lá dar uma espreitadela. É difícil descrever o que encontrámos. Caburé é uma língua de areia branca que separa o oceano atlântico de um (quase) lago formado pelas águas do rio preguiça. Só a viagem em si é um highlight, ficar na Pousada do Paulo, em cima da praia e a comer os seus petiscos enquanto se observa o sol a desaparecer por detrás das dunas é priceless.

A viagem de regresso foi feita de barco, sempre ao longo do rio preguiça e da sua densa vegetação.

Rio de Janeiro, cidade maravilhosa!

A ideia era escrever esta frase no fim, principalmente para não criar falsas expectativas, mas com toda a confiança podemos começar por dizer que…O RIO DE JANEIRO É BRUTALLLL!!!!.

Custa dizer que é melhor que Lisboa, mas admiti-lo é fácil. É inegavelmente bonita e feita para os habitantes. As praias, a lagoa, ruas, lojas, teatros, museus, bares, restaurantes, esplanadas, quiosques, áreas de lazer, jardins e marginais pedestres, os transportes (que nós achámos fáceis), a comida, bebida, sumos, petiscos, pastéis, mercados e feiras, miradouros e prédios …enfim, não há nada de que não tenhamos adorado. Mas claro, nem tudo é perfeito.

Após a longa viagem de avião que começou em Johannesburg (via São Paulo e Belo Horizonte) começamos a América do Sul a discutir. Não entre nós, mas com os responsáveis por as nossas malas estarem desaparecidas. Já pela noite dentro e sem os nossos mochilões seguimos com o plano: apanhar o táxi para o bairro do Leblon onde iríamos ficar hospedados em casa do Luís. A Ana nunca tinha visto o Luís e o Dinis tinha estado com ele durante umas cervejas numa noite em Macau. Ele naquela altura estava a fazer uma viagem semelhante à nossa e ficou em nossa casa, por azar, durante um fim-de-semana grande que tínhamos planeado passar fora com visitas. O combinado era ficar 2 dias, tirar a foto postal no Corvovado, comer num rodízio, beber umas cervejas e seguir viagem rumo a Santa Catarina. O resultado não foi bem este, e muito por culpa dos nossos anfitriões (o Luís Guedes e o Luís Bessa).

Foram 7 dias que pareceram 2. Deu para tudo, até para uma sardinhada no restaurante do Sr. Carlos com direito a música popular portuguesa. Foi a cidade que mais aproveitámos até ao momento. Passeámos pelas praias do Leblon, de Ipanema e Copacabana, pela marginal ao domingo (quando a cortam ao transito) e ao longo do lago Rodrigo de Freitas, abastecemos-nos de livros em português (-brasileiro) para a viagem, fomos ao teatro no antigo palácio da justiça, assistimos ao tradicional samba no bairro de Pedra do Sal, curtimos à noite no bairro de Santa Teresa e visitámos os restantes tradicionais e obrigatórios pontos turísticos da cidade. Os dias no Rio de Janeiro foram espectaculares, e por tal muito agradecemos aos Luíses e à Amanda.

Quanto às malas, elas aparecem ao fim de 2 dias e tristemente sem o peso de uma pequena maquina digital, dois ipods e dois baralhos de cartas (quem é que rouba baralhos de cartas!!!!).

África do Sul, um fim de semana em “casa”!

Não foi difícil chegar a Joanesburgo, andar de avião não tem nada de complicado, mas que foi cansativo foi! O dia começou em Mumbai às 2 da manhã, picámos o ponto em Abu Dhabi por volta das 7 da manhã e às 5 da tarde estávamos a apanhar as malas no aeroporto de Joanesburgo. Aparte dos fusos horários, foi trajecto para ter demorado umas 14 horas.

Estava combinado com a malta de Moçambique encontrarmos-nos na cidade de Nelspruit (a cerca de 200km de Maputo e a 400km de Joanesburgo) no dia 11. Era um trajecto que demoraríamos 5 horas e que a malta de Moçambique demoraria cerca de 2. Estávamos ansiosos para brindarmos (independentemente do motivo) com os nossos amigos.

No primeiro dia dormimos na capital administrativa da África do Sul no Jemini Backpackers Lodge. Aqui a vida é mais cara que nos países por onde passamos na Ásia, mas a qualidade também é outra. Ao nosso dispor tínhamos um motorista privado, piscina (apesar de estar frio), cozinha, sala de convívio com snooker, bar e uma churrasqueira. Digamos que um sitio com uma churrasqueira tem sempre valor, se ele se apresentar após 2 meses na Índia o valor aumenta exponencialmente. Fomos ao supermercado e compramos uns belos bifes, T-bones e mais o que os olhos podiam comer. Em seguida “churrascamos” durante a noite toda!

Só conseguimos bilhete para o autocarro das 8 da noite e tínhamos combinado com o Mendes por volta das 21 horas em Nelspruit para daí irmos juntos até Graskop, localidade onde iríamos ficar hospedados. Não era preciso ser génio para ver que alguém ia ficar à espera mas, surprise surprise, ninguém ficou! Para recordar velhos tempos o jeep do Mendes decidiu pregar uma partida à Careca tendo avariado junto da fronteira entre Moçambique e África do Sul. É certo que ninguém esperou por ninguém, pois era 1:30 da manhã quando ambos chegámos a Nelspruit. As aventuras não acabaram aqui, mas a história de não termos dormido nessa noite (ou dia) fica para uma plateia mais restrita :)

1ª Bónus: Ainda estávamos a acostumarmos-nos à luz do dia quando de repente juntam-se à festa a Anabela, a Ana Rita e o Fred que só puderam vir passar o dia. Lindo! Os homens trataram dos seus assuntos e as mulheres…bom, fizeram o que as mulheres fazem! A visita destes 3 últimos amigos foi curta, mas espectacular. No final do dia tiveram que regressar a Maputo, e no inicio da noite juntou-se o Gonçalo, a Catarina e o Sérgio para jantar.

2º Bónus: No segundo dia, domingo, todos tinham que regressar a Maputo. O Gonçalo, a Catarina e o Sérgio também estavam de “férias” em África pelo que abalaram logo de manhã para aproveitar o dia a fazer um safari. A Ana, o Dinis e o Mendes levantaram-se nas calmas, organizaram as malas e fizeram-se à estrada sem saber muito bem para onde. Incertos com os horários de autocarros e locais para os apanhar e sem saber se o jeep do Mendes se aguentava até Maputo a decisão já ao inicio da tarde pareceu-nos óbvia!!! Vamos fazer um safari no Kruger Park e mou man tai. Não podia ter sido melhor (humm, até que podia se os felinos tivessem aparecido), dos Big 5 vimos Elefantes, Rinocerontes e Búfalos. Também passámos por Impálas, Zebras, Girafas, Javalis e outros mais. Foi até ao pôr-do-sol, e foi brutal. Despedimos-nos do Mendes na estação de serviço de Malelane. Ele chegou bem a Maputo, e nós a Joanesburgo. Para breve ficou agendada a “caça” ao leopardo!

Foi, em suma, um fim-de-semana de convívio, foi tudo aquilo que poderíamos ter desejado e um pouco mais. O nosso obrigado, “foi um grande elogio” :)

Mumbai

Escusado será referir que após as 16 horas de autocarro que demorámos a cá chegar a nossa vontade para visitar a cidade era muito pouca e, para mais, a nossa vontade e ansiedade para chegar a África do Sul estava a chegar aos limites do insuportável. Basicamente tínhamos um dia para ficar com uma ideia de Mumbai, e não conseguimos (para dizer a verdade, também não nos esforçamos!). No entanto ainda passeamos pela zona de Colaba, acabando numa tentativa frustada de ver um filme de bollywood no cinema.

Há dias assim, em que se pensa mais no amanhã do que no hoje!

Panaji

Panaji é a capital de Goa. Com as suas casas coloniais, ruas e estabelecimentos comerciais com nomes Portugueses ou referências a Portugal, casinos ao longo da margem do rio e com as suas centenárias igrejas em Old Goa faz desta cidade, limpa e asseada (algo raro neste país), a mais agradável que visitámos no sul da Índia. O nosso alojamento foi num anexo da casa do Sr. Domingos. Ele e a sua mulher receberam-nos como ninguém, com bolinhos, chá, dicas e indicações, conversámos em português durante toda a nossa estadia. No final agradecemos as lembranças que nos deram e os agradáveis serões que proporcionaram. Não fosse o calor insuportável e Panaji tinha sido perfeita :)

Faltavam 2 dias para o nosso voo em Mumbai e 500 km para lá chegar.