Varkala

Em vez de 8 horas de autocarro, 14 de comboio e 4 de avião, optámos por 2 voos de 2 e 4 horas para fazer a distância entre o Nepal e o estado de Kerala, no sul da Índia. Certo que gastámos um pouco mais do que o previsto, mas poupamos no tempo e principalmente no corpo. :)

O nosso último voo chegou já pela noite dentro, o que nos obrigou a pernoitar em Trivandrum. Mas, ansiosos por calor e praia (digamos que uma visita ao Nepal, apesar de espetacular, não é propriamente um descanso!) arracámos logo pelo nascer do dia em direcção a Varkala. A partir desde momento não há muito para dizer. Os 4 dias seguintes resumiram-se a acordar em frente à praia, dar o mergulho matinal enquanto se toma o pequeno-almoço na areia quente, descansar a pele dos raios solares nas esplanadas situadas no topo da falésia e voltar para a praia de modo a podermos refrescar-nos de 5 em 5 minutos, nas ondas do índico. Em Varkala a perceção da Índia começou a mudar, o sol aqueceu-nos a alma e a comida confortou-nos o estômago.

Não nos restavam muitos dias até ao nosso voo em Mumbai, mas tudo dava a entender que não iriam ser nada maus!

Kathmandu

A viagem pela Prithvi Highway, de Phokara até Kathmandu, não é das mais rápidas (como todas no Nepal) mas, mais uma vez, é abençoada por paisagens fabulosas. Desta vez não fizemos a viagem toda em cima do tejadinho, fizemos só metade pois a chuva obrigou-nos a percorrer os restantes 200 km já dentro do replecto autocarro. Foram 8 horas de viagem, um pouco cansativas como é certo, mas suficientemente agradáveis de se fazerem.

Dentro da capital decidimos ocupar a zona mais comercial da cidade, Thamel. Caracteriza-se por um “bairro turistico”, com as suas ruas arranjadas e repletas de lojas vocacionadas para satisfazer todas as necessidades possiveis de quem visita e pretende explorar o país. Nos 3 dias que nos restavam ainda tentámos fazer negócios com algumas delas, nomeadamente organizar 1 ou 2 dias de Rafting, Cannoying ou BTT nos rios e trilhos em redor da cidade. Com tanta oferta, planos e considerações…acabamos por descansar e usufruir o que Kathmandu tinha para oferecer.

Optámos por passear pela cidade, caminhar até ao templo dos macacos para obter uma fotografia previligiada da capital e relaxar nas explanadas dos bons estabelecimentos por onde iamos passando.

Em Kathmandu, pela primeira vez desde que saímos da RAEM, divertimo-nos num dos seus casinos. Erámos os únicos ocidentais (arriscariamos dizer “não-indianos”), mas naquele espaço de 50m2 fomos recebidos com pompa e circunstância. Tivemos direito a usufruir do buffet (muito saboroso, por sinal!) e a matar a sede como bem nos apeteceu.

Não saímos mais ricos do casino, mas decerto podemos afirmar que do Nepal não saímos mais pobres!

Pokhara e o trekking pelos Himalaias

Ou muito nos enganamos, ou no Nepal tudo é um highlight. Até a viagem de autocarro de Tansen até Phokara, que leva 7 horas para percorrer 122 km, é por si só uma experiência gratificante. Não que os bancos sejam confortáveis (nós nem sequer tínhamos lugar para sentar), mas sim pelas paisagens espectaculares que a Siddhartha Highway proporciona. É uma estrada que contorna as montanhas Himalaias e atravessa alguns dos seus vales. Nós, por os lugares irem todos ocupados, fizemos a viagem toda sozinhos em cima do tejadilho do autocarro. Com as malas e mercadorias a fazem de Chez-longs, musica nos ouvidos, vento a bater na cara e uma visão de 360º para a cordilheira dos Himalaias…. o que é que se pode pedir mais? Só se fosse um bitoque com uma imperial fresquinha! E pimba, sem pedirmos, Pokhara deu-nos! Deu-nos boas refeições de carne, um ambiente mou man tai, bom alojamento e paisagens de postal.

Decididos a descansar aqui uma temporada, planeámos fazer nos primeiros dias um trekking nas montanhas de Annapurna. Dado que o trekking é a actividade mais popular no Nepal optámos por escolher um trilho que demoraria 5-6 dias a percorrer.

O registo do trekking:

Partida
Chegada
Tempo
Km
Altitude
Dia 1
Naya Pul
Birethanti
30m
2
1070m a 1025m
Birethanti
Landawali
1h
3
1025m a 1160m
Landawali
Tikedhunga
1h20m
4
1160m a 1520m
Dia 2
Tikedhunga
Ulleri
1h30m
2
1520m a 2020m
Ulleri
Banthanti
1h40m
2
2020m a 2210m
Banthanti
Nanggethanti
2h00m
2
2210m a 2430m
Nanggethanti
Gorephani
1h00m
2
2430m a 2860m
Dia 3
Gorephani
Poon Hill
1h15m
1,5
2860m a 3210m
Poon Hill
Gorephani
45m
1,5
3210m a 2860m
Ghorepani
Deurali
2h30m
2
2860m a 3210m
Deurali
Banthanti
1h30m
2
3210m a 3180m
Banthanti
Tadapani
1h30m
7
3180m a 2630m
Tadapani
Ghandruk
2h30m
6
2630m a 1940m
Dia 4
Ghandruk
Kimchi
1h30m
2
1940m a 1640m
Kimchi
Syauli Bazar
1h00m
3
1640m a 1220m
Syauli Bazar
NayaPul
2h00m
6
1220m a 1070m
Total
23h30m
48

O resultado foi o seguinte:

Chegámos do trekking no dia 11 de Abril. 2 dias depois conseguimos sair da cama para ir jantar fora. :) É certo que o corpo se queixou, e muito! Mas os caminhos que percorremos, as vilas por onde passámos, as paisagens de tirar o fôlego e o desafio que ultrapassámos…fazem desta actividade algo a repetir. Só há umas arestas a limar, como por exemplo: Contratar um porter para levar as nossas malas e levar algo mais do que um casaquinho (é que a 3000 mt tá fresquinho!)

Nos últimos dias em Phokara, planeámos o resto da viagem, falámos com a família e actualizamos este pequeno diário.

Ontem, dia 13 de Abril, foi o primeiro dia do ano novo para os Nepalezes (Bisket Jatra), e o aniversário do Director de S.I. deste site/irmão/cunhadinho-querido/Tiago a quem desejamos tudo do melhor.

Amanhã seguimos para Kathmandu!

Tansen

Eram 19 horas do dia 2 de Abril quando apanhamos o comboio em Nova Deli. Pela mesma hora no dia 3 estávamos à procura de alojamento em Tansen, no Nepal. Pelo meio passamos 14 horas num comboio, 3 horas num jeep e outras 4 num autocarro local! A chegada ao Nepal não foi nada fácil, mas valeu a pena!

 

Tansen é uma pequena vila situada no centro do Nepal, a 1300m de altitude, rodeada por montanhas, com poucos turistas e sem qualquer confusão. Para lá chegar não é complicado, mas também não é rápido. Certo é que as 4 horas que demorámos a fazer os 45km num autocarro local, por entre as estreitas estradas montanhosas, foi um respirar de ar puro após a saída da Índia. Em Tansen descansámos, passeámos pelas inclinadas ruas da cidade e fizemos o nosso primeiro trekking pela Cordilheira dos Himalaias. O Nepal começou bem, e promete acabar melhor!

Deli com passagem em Pushkar

No norte da Índia, pelo menos por onde andámos, não é fácil comer algo não vegetariano! Há um mês que a nossa dieta se resume a arroz, caril de lentilhas, batatas ou vegetais e a tradicional chapati. Proteína que é bom… tem sido obtida pelos ovos ao pequeno almoço e chocolates ao deitar :) A carne de vaca é proibidissima (a roçar para o criminal), a de porco idem aspas-aspas e a de frango sabe mal e encarece substancialmente a refeição! Por outras palavras… há cerca de um mês que os nossos sonhos e desejos passam muito pela vasta e rica gastronomia do rectângulo.

Em Pushkar não só não há carne como também são proibidos os ovos! Por ser uma das cidades importantes para os Hindus ( que devem visita-la pelo menos uma vez durante a sua vida) é 100% vegetariana. Sorte a nossa que esta pequena cidade se está a virar para o turismo. Assim, para além do seu lago sagrado, os templos e ghats…também já se consegue arranjar uma omelete no “mercado negro”! O centro turístico da cidade é agradável e tranquilo, com imensas lojas tradicionais e animação de rua, mas a esperança de encontrar uma comida mais “composta” em Deli fez-nos aqui ficar apenas um dia.

Em Deli, a Índia mudou! Aliás, nós mudámos! A expectativa era passar apenas 2 dias na capital de modo a tratar da logística para o Nepal, ficar com uma ideia da cidade e fugir do caos previsível. Mas mais uma vez as expectativas saíram furadas, e ainda bem!

Ainda em Pushkar tínhamos aceite o gentil convite da nossa amiga Sónia para ficar na sua casa em Deli, algo que não deu para recusar. E que convite que foi! Não dá para descrever, mas tentem imaginar aquelas férias no Club Med (independente do local) em que o grande highligts das férias é o Club Med. Ora a casa da Sónia e do Mark não é o Club Med, … é melhor! Fomos recebidos como convidados de honra, com direito a suite, motorista, visita guiada pela cidade, refeições ocidentais e caseiras e… um churrasco, com uma suculenta carne de vaca, costeletas de porco, acompanhamento de salada de alface e tudo muito bem regado com cerveja, vinho, champanhe e excelente ambiente! Nunca engordar nos tinha dado tanto prazer. Os 5 dias em Deli não podiam ter sido melhores. Custou voltar a meter a mochila às costas, e por isso muito estamos agradecidos aos nossos anfitriões.