Deli com passagem em Pushkar

No norte da Índia, pelo menos por onde andámos, não é fácil comer algo não vegetariano! Há um mês que a nossa dieta se resume a arroz, caril de lentilhas, batatas ou vegetais e a tradicional chapati. Proteína que é bom… tem sido obtida pelos ovos ao pequeno almoço e chocolates ao deitar :) A carne de vaca é proibidissima (a roçar para o criminal), a de porco idem aspas-aspas e a de frango sabe mal e encarece substancialmente a refeição! Por outras palavras… há cerca de um mês que os nossos sonhos e desejos passam muito pela vasta e rica gastronomia do rectângulo.

Em Pushkar não só não há carne como também são proibidos os ovos! Por ser uma das cidades importantes para os Hindus ( que devem visita-la pelo menos uma vez durante a sua vida) é 100% vegetariana. Sorte a nossa que esta pequena cidade se está a virar para o turismo. Assim, para além do seu lago sagrado, os templos e ghats…também já se consegue arranjar uma omelete no “mercado negro”! O centro turístico da cidade é agradável e tranquilo, com imensas lojas tradicionais e animação de rua, mas a esperança de encontrar uma comida mais “composta” em Deli fez-nos aqui ficar apenas um dia.

Em Deli, a Índia mudou! Aliás, nós mudámos! A expectativa era passar apenas 2 dias na capital de modo a tratar da logística para o Nepal, ficar com uma ideia da cidade e fugir do caos previsível. Mas mais uma vez as expectativas saíram furadas, e ainda bem!

Ainda em Pushkar tínhamos aceite o gentil convite da nossa amiga Sónia para ficar na sua casa em Deli, algo que não deu para recusar. E que convite que foi! Não dá para descrever, mas tentem imaginar aquelas férias no Club Med (independente do local) em que o grande highligts das férias é o Club Med. Ora a casa da Sónia e do Mark não é o Club Med, … é melhor! Fomos recebidos como convidados de honra, com direito a suite, motorista, visita guiada pela cidade, refeições ocidentais e caseiras e… um churrasco, com uma suculenta carne de vaca, costeletas de porco, acompanhamento de salada de alface e tudo muito bem regado com cerveja, vinho, champanhe e excelente ambiente! Nunca engordar nos tinha dado tanto prazer. Os 5 dias em Deli não podiam ter sido melhores. Custou voltar a meter a mochila às costas, e por isso muito estamos agradecidos aos nossos anfitriões.

Jaisalmer e o deserto.

A actividade turística em Jaisalmer resume-se aos safaris de camelo pelo deserto e, nos entretantos, à visita do Forte da cidade. O Forte tem vida própria, lá dentro funciona uma vila quase independente da cidade lá fora. Com hotéis, restaurantes, comercio e ruelas limpas e animadas, o forte de Jaisalmer faz da preparação para o deserto um agradável momento.

Por outro lado, o deserto… é deserto! Decidimos embarcar na aventura de andar num camelo durante 3 dias. O objectivo cumpriu-se apesar com algumas mazelas para o corpo. Mas enfim, os incómodos causados pelo andar do camelo e o calor foram dissipados pelas aldeias e paisagens com que éramos brindados. O ponto alto foi de longe a companhia dos nossos condutor-de-camelos e as duas dormidas ao relento, a 30km do Paquistão, no meio das dunas de areia, sob o céu estrelado do Grande Deserto do Thar.

Jodhpur

A caminho do deserto decidimos fazer uma paragens para visitar a cidade-azul. Ficámos alojados numa das ruelas labirintas da cidade antiga, que fica aos pés do Forte Mehrangarh e dentro das muralhas. Foi esta zona vibrante da cidade de Jodhpur que fez com que ficássemos cá mais tempo do que o previsto. Com a subida e visita ao forte, os passeios pelos bazares e as comidas de rua, em Jodhpur, voltámos a ganhar ritmo, essencial para o deserto!

Udaipur

Se achamos Jaipur tranquilo, Udaipur parecia um mundo à parte. Tivemos que abordar um taxista sem qualquer pressão de outros, por sua vez este não discutiu o preço e durante o trajecto nunca falou ou nos tentou levar a outros destinos. Não estávamos acostumados a isto, alias, para dizer a verdade, já nem sabíamos lidar com essa situação! Enfim… foi muito bom.

A cidade que foi popularizada com o filme do James Bond, Octopussy, foi a primeira onde encontramos completo descanso. Para nós a cidade resumiu-se a uma vila junto ao lago Pichola, ao seu Palácio e às estreitas ruelas, limpas e coloridas repletas de pequeno comércio. Vale a pena visitar Udaipur, pode-se descansar da caótica Índia, comendo bem e descontraidamente.

Jaipur (via Gwalior – Jhansi)

Após uma noite muito mal dormida em Jhansi (o mais caro e pior quarto da Índia até ao momento!) lá conseguimos chegar a Jaipur, com direito a almoço em Gwalior durante as 3 horas de transferes de comboio.

Sabendo à partida que Jaipur é a capital do maior Estado da Índia, esperávamos a típica confusão dos taxistas e tuc-tucs. Eram 11 da noite quando saímos da estação dos comboios e nos esperavam mais de uma dúzia de taxistas a gritar à nossa volta (contámos 15, mas eram mais!) Feitas as normais diligências conseguimos ficar hospedados num simpático hotel no centro da cidade para descansarmos da viagem.

O dia seguinte, o de visita à cidade, foi uma simpática surpresa. Não só achámos Jaipur bastante interessante como, principalmente, muito tranquila quando comparada com Varanasi, Agra ou Calcutá. A visita ao Palácio da Cidade e a subida ao Iswari Minar Swarga Sal valeram bem a pena, mas foram os passeios pelas ruas e bazares da cidade cor-de-rosa que fizeram de Jaipur a primeira cidade mais moumantai que encontramos até então.

Assim, o Rajastão promete!